Entre os dias 7 e 11 de agosto, realizamos mais um campeonato de acrobacias organizado pelo CBA (Comitê Brasileiro de Acrobacia e Competições Aéreas). O Aeroclube de Tatuí nos recebeu de braços abertos mais uma vez e com um público espetacular que nos ajudou a fechar a nossa competição com chave de ouro. Vamos falar um pouco sobre a competição:
CATEGORIA BÁSICA
Após o fim da edição de 2023, ficou a sensação de que estávamos numa possível falta de novos acrobatas, e isso se manteve até poucos dias antes do campeonato de 2024 começar. Eram apenas 3 inscritos na categoria Básica quando de uma hora para outra chegamos a um total de 9, sendo 7 deles estreantes! Se quiser podemos considerar que desses, 6 eram “novatos”, já que o Edu Rodrigues participou de duas competições em planadores, mas nessa ele estreou voando contando com a ajuda de um motorzinho. Acompanhar a Básica foi um deleite, e o resultado final talvez exemplifique a importância da experiência em uma competição. O vencedor da categoria foi o Arthur Mazzucatto, na sua 5ª participação, voando o Starduster do Gabriel Saia; o vice foi o Binho Araújo, competindo pela 2ª vez, e voando o seu famoso CAP 10C (lá pra frente falaremos do Burro novamente); e para fechar o pódio tivemos justamente o Edu Rodrigues, que trouxe a experiência de acromacias (como diria o Bolafly) nos planadores e foi valente com o seu Citabria. Os novatos também fizeram bonito! Em 4º lugar ficou o Itamir Viola, voando seu RV-7. O Viola conquistou uma medalha de prata no Programa 1 da categoria. Na sequência do ranking tivemos Lucas Mazzon, voando o RV-7 do seu amigo Viola; Rafael Serra (que estreou no ano passado como juiz, voltou nesse ano como juiz e competidor) voando o CAP 10C do Binho; Eduardo Bregaida, o “Cazuza dos Ares”, com o seu Decathlon; a Clarissa Grechi, trazendo mulheres ao Box novamente, voando o CAP 10C do Binho (já dá pra saber porque falaremos dele novamente, né?); e pra fechar a conta tivemos também o Marcio Nunes, que infelizmente só conseguiu fazer um voo devido a uma pane no DR-109. A competição foi marcada por vários erros, como é de se esperar para a categoria, e não por acaso esses erros tendem mais pro lado dos novatos – esporte é isso. Confira os resultados finais da categoria abaixo:
PILOTO | AERONAVE | TOTAL | % |
Arthur Mazzucatto | Starduster Too PP-ZSJ | 968,11 | 80,906% |
“Binho” Araújo | CAP 10C PP-CHA | 898,39 | 79,507% |
Eduardo Rodrigues | Citabria PT-JOP | 879,47 | 78,023% |
Itamir Viola | RV-7 PT-ZOA | 847,27 | 70,793% |
Lucas Mazzon | RV-7 PT-ZOA | 812,65 | 67,556% |
Rafael Serra | CAP 10C PP-CHA | 791,80 | 50,328% |
Eduardo Bregaida | Decathlon PT-OSP | 457,75 | 36,329% |
Clarissa Grechi | CAP 10C PP-CHA | 311,84 | 24,749% |
Marcio Nunes | DR-109 PT-ZTC | 52,28 | 4,149% |
CATEGORIA ESPORTE
Como de costume a competitividade aqui é boa de se ver – e a variedade de aeronaves também. Foram 6 competidores em 6 máquinas diferentes: Elton Guadagnin de Pitts S-1S, Gabriel Saia de Starduster, Livio Teixeira de Rans S-9, Pedro Souto no Pitts S-2ACA (o conhecido PT-ZRP voltou com uma nova identidade), Thiago Sabino voando o DR-109 do Lidio, assim como fez o Marcio Nunes, e Walter Abib voando o Decathlon do Bregaida. Aqui a experiência já não teve o mesmo peso que na Básica, foi uma grande mistura de fatores que culminaram numa competição acirrada. Por acaso o pódio foi composto exclusivamente de pilotos que estavam competindo pela 2ª vez – e voando biplanos. O Gabriel Saia, que se consagrou campeão da Básica em 2023, voltou com o seu Starduster (possivelmente o avião mais subestimado do cenário acrobático brasileiro) e faturou mais um título, o que demonstra que o Starduster pode dar um trabalhinho até para aviões mais avançados. Com o troféu de prata tivemos o Pedro Souto, que estreou na Aldeia da Serra em 2021 ficando em 3º lugar na Básica. Como é de se esperar o garoto veio com o tradicional “sangue nos olhos” que estamos acostumados a ver dos gaúchos, em especial os do Alegrete, que é o caso dele. Por muito pouco o Pedro não ficou no topo do pódio e certamente vai continuar condenando a chuva que impossibilitou um voo extra na categoria. Fechando o pódio tivemos o Elton, que, assim como o Saia, repetiu a classificação do ano passado. Sabendo o pouco que o “Cabeção” consegue treinar por ano só nos resta imaginar do que ele seria capaz se praticasse por mais horas… Na sequência do ranking tivemos o Abib, também competindo pela segunda vez, que claramente se esforçou para pegar uma medalha, mas ficou faltando alguma coisinha para isso acontecer… Depois veio o estreante Livio, que ganhou a torcida de muitos competidores que se alegravam vendo o Rans soando como uma moto dos ares. Por último ficou o Sabino, que está cobrando um “Troféu Alzheimer” pelo tanto de esquecimento que ele teve durante seus voos. Ele é o mais experiente do grupo, e possivelmente o mais velho – será que é daí que vem o problema de memória? Sabino, gostaria de dizer que estamos ansiosos pra te ver no Box com o seu Bücker!
PILOTO | AERONAVE | TOTAL | % |
Gabriel Saia | Starduster Too PP-ZSJ | 2.249,18 | 80,906% |
Pedro Souto | Pitts S-2ACA PT-ZRP | 2.210,29 | 79,507% |
Elton Guadagnin | Pitts S-1S PP-ZPS | 2.169,05 | 78,023% |
Walter Abib | Decathlon PT-OSP | 1.968,03 | 70,793% |
Livio Teixeira | Rans S-9 PU-LDI | 1.878,04 | 67,556% |
Thiago Sabino | DR-109 PT-ZTC | 1.399,07 | 50,328% |
CATEGORIA INTERMEDIÁRIA
Aqui a brincadeira fica mais séria, saem as regras IAC e entram as regras CIVA, isto é, as regras dos campeonatos mundiais. Vamos aos competidores: “Professor Bolafly” veio com o CAP do amigo Binho, Camilo Freitas de Pitts S-2ACA, Carlos Vieira com o S-1S do Elton, João Teixeira com o CAP 10C do paizão Binho e o Lidio Bertolini com o seu DR-109 sem sighting-device. Queria começar dizendo que alguém precisa mandar o Camilo para a Avançada. O gaúcho faturou seu terceiro título na categoria e se isolou como o maior Campeão Brasileiro de Intermediária. Mais uma vez ele voou incrivelmente bem um biplano biplace de 4 cilindros e conquistou o topo do pódio. Com a prata geral ficou o Carlos, que venceu o Programa 1 e que tomou um sustinho numa hammer-head… Uma hora esse menino sai campeão de algo, a cada ano que passa o desenvolvimento dele é evidente, e essa foi apenas a quarta vez que ele competiu! Completando a trinca tivemos o João, nosso Burrinho, filho do Burro. Assim como o Carlos essa foi a quarta competição dele e mais uma vez subiu ao pódio, mas dessa vez sem título. Depois de ganhar a Básica e a Esporte Desconhecida ele resolveu testar ainda mais o envelope do PP-CHA e apresentou lindas performances na Intermediária! Daí vem os coroas… O Bola, que foi instrutor e treinou uma vários competidores, provavelmente vai querer brigar com o Sabino pelo “Troféu Alzheimer”, mas certamente fez uma bela participação. Na rabeta da categoria ficou o veteraníssimo Lidio, primeiro Campeão Brasileiro de Acrobacia Aérea da era Aresti lá em 1989. Provavelmente é mais um na disputa pelo tal troféu do Sabino. Infelizmente, assim como o seu amigo Marcio Nunes, ele não conseguiu fazer o último voo devido a uma pane na máquina, mas como sempre, foi um enorme prazer vê-lo no Box e absorver seu conhecimento extenso do esporte!
PILOTO | AERONAVE | TOTAL | % |
Camilo Freitas | Pitts S-2ACA PT-ZRP | 5.614,89 | 81,203% |
Carlos Vieira | Pitts S-1S PP-ZPS | 5.525,34 | 79,731% |
João Teixeira | CAP 10C PP-CHA | 5.210,12 | 75,182% |
“Bolafly” | CAP 10C PP-CHA | 4.101,60 | 59,186% |
Lidio Bertolini Neto | DR-109 PT-ZTC | 2.878,86 | 41,542% |
CATEGORIA AVANÇADA
Aqui a emoção começou nas inscrições! Tirando o Adriano Seddon e o Felipe Mencacci que estrearam na categoria com suas novas máquinas (DR-107 e Slick 360) o resto viveu uma certa aventura só para poder participar. O William Rambo deve ter passado alguns bons meses com dor de cabeça esperando que o seu novo Extra 330SC fosse liberado para voar, e isso só aconteceu 7 dias antes do início do campeonato. O Gui Censoni e o Pedro Anunciação, campeão da categoria em 2023, ficaram meses achando que não iam competir por falta de máquina. Foi aí que entrou o Fernando Parrillo, grandíssimo incentivador e patrocinador da Equipe Brasileira de Avançada que foi a Las Vegas no ano passado. O Fernando simplesmente emprestou tanto ao Censoni quanto ao Pedro o seu 330SC. O Pedro ainda viveu uma emoção a mais por chegar a Tatuí na terça-feira à noite e tendo um único treino de manhã antes do briefing do primeiro dia de campeonato. Por fim temos o Jeferson “Polaco” Skzypek. Esse viveu uma grande indecisão e bloqueio climático para sair de Erechim com o seu Extra 300L, mas ao final do primeiro dia ele conseguiu chegar e fez o seu voo do Programa 1 atrasado. Agora vamos aos resultados! Acho que todos concordam que o Pedro é um robô ou algo do tipo na hora de se adaptar a um avião. No primeiro programa ele estava quase conseguindo o primeiro lugar, mas inverteu o sentido de roll numa figura e acabou ficando em terceiro. Dito isso: Primeiro lugar com alguma folga nos outros dois voos e um bicampeonato na categoria. Queremos vê-lo na Ilimitada no próximo ano! William Rambo levou o troféu de prata! Faturou o primeiro lugar no Programa 1 e se manteve sólido na perseguição ao Pedro nos demais voos. Eu não quero pressionar ninguém, mas acho que ele também deveria subir pra Ilimitada em 2025! Felipe Mencacci estreando em terceiro na Avançada! Se não fosse uma tentativa de ganhar o “Troféu Alzheimer” no Programa 2 poderia ter ameaçado o troféu de prata do Rambo, mas de qualquer forma é de se parabenizar a performance do nosso DJ! O Polaco, apesar de chegar numa correria, conseguiu entregar voos com clara evolução quando comparado ao ano passado e mais uma vez conquistou uma medalha, sendo essa um bronze no segundo voo. Em seguida vem o Seddon, que retornou ao Box depois de 5 anos e trouxe consigo a máquina mais valente da categoria: um DR-107 de motor 4 cilindros e hélice passo fixo. Foi o primeiro grande teste do avião e ele já planeja melhorias para o ano que vem! 2024 marcou a quarta participação do “Xerife” Censoni em competições nacionais, e foi a quarta aeronave diferente que ele voou. Depois de comandar um Bücker, Laser e Pitts S-2B, esse ano foi a vez do 330SC. O resultado não foi o melhor possível, ele também entrou na disputa do “Troféu Alzheimer”, mas quando ele alcançar uma regularidade de treinos e tiver uma máquina em mãos o jogo certamente vai virar!
PILOTO | AERONAVE | TOTAL | % |
Pedro Anunciação | Extra 330SC PR-KPJ | 7.958,26 | 78,069% |
William Rambo | Extra 330SC PS-ERW | 7.675,13 | 75,320% |
Felipe Mencacci | Slick 360 PR-ZVH | 6.864,94 | 67,372% |
Jeferson “Polaco” Skzypek | Extra 300L PP-JSK | 6.779,55 | 66,531% |
Adriano Seddon | DR-107 PP-XIO | 6.287,93 | 61,707% |
Guilherme Censoni | Extra 330SC PR-KPJ | 6.101,61 | 59,878% |
CATEGORIA ILIMITADA
Aqui temos um recorde muito agradável e que mostra o desenvolvimento do CBA. Voltamos a ter quatro competidores na categoria, mas dessa vez todos eles conseguiram completar todos os programas. O pentacampeão Marcio Oliveira, e seu fiel Su-26MX, marcou presença mais uma vez em busca de se tornar o maior Campeão Brasileiro de todos os tempos com um inédito hexa! Seus desafiantes foram o já veterano da categoria e bicampeão de Avançada, Christiano Oliveira, voando mais um 330SC que foi liberado de última hora, o PS-YNC. Este pertence à família Yancovitz, que foi devidamente representada na categoria com o caçula do CBA, o “Luquinha”. O Lucas tem uma carreira meteórica até aqui. Em 2021, logo após completar 18 anos e tirar seu brevê, estreou conquistando a Básica com o antigo Decathlon do Chris Oliveira. No ano seguinte pulou direto para a Intermediária apresentando uma incrível performance em um Extra 300 que era da sua família. Em 2022 subiu novamente e competiu com o mesmo avião na Avançada, conquistando o terceiro lugar na categoria. Mais um salto este ano e vemos a criança de apenas 21 anos brigando pela honra máxima. O quarto elemento da competição foi o Balila Anunciação, irmão mais velho do Pedro e também bicampeão da Avançada. Essa foi a estreia dele no topo do esporte e assim como o seu caçula e o Censoni, ele também comandou o 330SC do Fernando Parrillo! Agora os resultados. Nos primeiros 10 anos de competição do CBA os títulos da Ilimitada e do Brasil foram igualmente divididos entre o Francis Barros e o Marcio Oliveira. Em 2024 surgiu um novo campeão. Depois de 2 anos voando um Extra 300 e sendo vice-campeão, o Chris conseguiu elevar o nível no equipamento e também no resultado. Conquistando o ouro em dois programas e uma prata no último, ele se sagrou o novo Campeão Brasileiro de Acrobacia Aérea, entrando num rol de nomes emblemáticos do esporte nacional. Foram 3 voos de extrema solidez que culminaram num percentual de nota na casa de 76%, algo excepcional! Mas quem ganhou o outro programa já que o Chris só levou 2 deles? O nome desta pessoa é Marcio Oliveira, que, apesar do sobrenome, não é parente nem do Christiano e nem do Lucas, que também carrega o mesmo sobrenome. O Marcio não conseguiu conquistar seu objetivo de ser hexacampeão, mas o voo que ele entregou no apagar das luzes foi algo que deixou todos os espectadores e demais pilotos de queixo caído. Após dois voos com desempenho abaixo da expectativa para um piloto do seu nível, Marcio atingiu o incrível percentual 82% no Programa 3, mais do que o suficiente pra todos lembrarem a razão de ele ostentar tantos troféus e medalhas. Marcio ficou com o segundo lugar mais alto do pódio, mas o objetivo para 2025 é voltar ao topo. Falando em pódio, quem completou o trio foi o Lucas, que coletou duas pratas e segue mostrando que ele é o futuro da Acrobacia Aérea Brasileira. Ficaremos na expectativa do que ele pode fazer no futuro depois de treinar bastante na máquina nova. Fora do pódio geral, porém conquistando dois bronzes foi o Balila, que também sem muito treino e prática no Extra brigou até o fim por um troféu!
PILOTO | AERONAVE | TOTAL | % |
Christiano Oliveira | Extra 330SC PS-YNC | 11.112,61 | 76,114% |
Marcio Oliveira | Sukhoi Su-26MX PT-ZSZ | 10.433,82 | 71,465% |
Lucas Yancovitz | Extra 330SC PS-YNC | 10.362,39 | 70,975% |
Balila Anunciação | Extra 330SC PR-KPJ | 10.163,73 | 69,615% |
Chegou a hora de falar do Arnaud Araújo, o Binho, o Burro. Ele já era uma pessoa de muito apreço por toda a organização do CBA, por todo o apoio que dá à instituição e por muitas vezes nos receber no seu hangar, como foi no caso do Curso de Juízes lá ministrado em julho. Fora isso nós também agradecíamos e aplaudíamos por todo o apoio dado ao seu filho, o João “Burrinho” Teixeira, que vem construindo uma bela carreira no esporte. Mas esse ano ele fez algo que não podia ser ignorado aqui, que foi emprestar seu avião não só ao Bolafly, seu amigo pessoal e instrutor do João, como também ao Rafael e a Clarissa, que dificilmente seriam capazes de competir se não fosse por essa ajuda. Nós do CBA gostaríamos de agradecer mais uma vez pelo seu enorme apoio no desenvolvimento do esporte. Esperamos te ver no Box por mais muito tempo!
Obrigado a todos,
Artur “Zé Listinha” Halboth